quinta-feira, 16 de junho de 2011

An apple a day...

...keeps the doctor away, e decerto é por causa deste ditado (e mais algumas leituras sobre nutrição humana) que eu procuro comer uma maçãzinha por dia, e de preferência mais alguma outra peça de diferente espécie de fruta, o que me deixa ainda aquém do preconizado na roda dos alimentos - roda de que tanto se fala e infelizmente tão pouco se segue.

Hoje, como habitualmente às quintas feiras, lá fui à frutaria onde me forneci de maçãs para a semana: 7, pois, correspondentes a 1,25 kg, pelas quais paguei a módica quantia de 2,19 euros. Lindas, perfeitas e coradas, embora já as conhecendo um tanto sensaboronas (o que não as impedirá decerto de possuirem todos os princípios profilácticos) cá chegaram elas do longínquo Chile, identificadas uma a uma por pequenos autocolantes.

E foi então que me meti a fazer umas contas...se metade dos açorianos, digamos pois 125000 pessoas, fizer como eu, a módica quantia transforma-se em...14235000 euros ao fim de um ano (catorze milhões! não posso crer... vou repetir o cálculo...mas não, não me enganei...) que, na sua maior parte, fará sentido que vão parar ao Chile, país produtor.

Se às humildes maçãs somarmos outras frutas que nos chegam da Colômbia, da Costa Rica, da Nova Zelândia e talvez até da Cochinchina, os já de si imensos catorze milhões de euros transformar-se-ão em...não sei. Calculo que o sr. quem de direito (aqui leia-se governo, tanto regional como central) possua dados que lhe permitam estimativas mais exactas dos rios de dinheiro que anualmente, saídos gota a gota das nossas mãos, vão parar a outros países, e só estamos a falar de algumas frutas.

Por que não virão estes pomos e outros de Portugal continental, já que os Açores os não produzem? Estas quantias mirabolantes ficariam ao menos no país! A segunda pergunta é, forçosamente, por que razão não se hão-de produzir cá...terra de bom clima, bom solo, boas águas?

E passando às sugestões depois das perguntas, a principal é que se ponha uma boa dona de casa (modéstia à parte, assim com'a mim...) neste momento à frente do Ministério das Finanças; em poucos anos, pagas as dívidas externa e interna, as algemas nos cairiam finalmente dos pulsos...e aí talvez pudéssemos ser de novo Portugal, o tal - aquele mesmo, que deu novos mundos ao mundo velho e bafiento.

Na imagem: maçãs da Beira Alta, muito parecidas com as que hoje comprei...

3 comentários:

  1. Se estendermos este cálculo a metade dos portugueses (aproximadamente cinco milhões) e se porventura esse número de pessoas gastar 2,19 euros por semana em fruta importada (não têm de ser forçosamente maçãs...) obteremos o valor quase inacreditável de mais de 569 milhões de euritos anuais...
    Começa a ficar mais clara na minha mente a razão pela qual se encontra este país tão endividado!

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  2. É provável que a razão pela qual se importam maçãs do Chile tão longínquo possa estar ligada à época de produção, ou seja quando já não há maçãs na Europa (hemisfério norte) eles têm, lá, a sua colheita. Não é porém a sazonalidade um obstáculo insuperável, uma porque por escolha criteriosa dos cultivares se podem ter maçãs de Junho até Outubro, pelo menos, e outra porque se pode guardar o excedente produzido nos meses abundantes em condições de frio e atmosfera controlada...

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  3. Correcção do comentário anterior: é possível ter maçãs não só de Junho a Outubro, mas sim de Junho a Abril, por selecção de cultivares (só em Maio é que talvez não se encontrem maçãs, a não ser refrigeradas). Outro aspecto para o qual me chamaram a atenção: não será a "maior parte" das quantias envolvidas que vai parar ao país produtor, mas talvez perto de um terço, tão somente. O restante distribui-se por transportadores e intermediários, importadores, distribuidores e vendedores. A produção local além de impedir a saída de divisas, baixaria assim drasticamente o preço de venda, com vantagem para todos...excepto, claro, os que vivem da distribuição, que passariam a ter menos proveitos, sugerindo-se que os aumentassem produzindo, também, qualquer coisita...

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