quinta-feira, 11 de março de 2010

Eu sou Diógenes, o cão...(III)



Diz-se que cão que ladra não morde, mas nem sempre é verdade, quer-me parecer.
Estou convencida de que os cães (e os discípulos de Diógenes) ladram para não terem de morder, mas...em último caso...mordem, pois!

Na foto: pastor alemão. Atento, simpático (para aqueles que o tratam bem), inteligente, corajoso, bom guarda - e possuidor de bons dentes...

terça-feira, 9 de março de 2010

Cortar o mal pela raiz



Havia um salgueiro-chorão, na Lomba da Fazenda, ali mesmo no início da subida para a rua do Arraiado (não é o da foto, mas era muito parecido...).

Foi mandado podar pelo presidente da Junta de Freguesia, após ter recebido queixas de que o dito incomodava e sujava os carros de quem pretendia estacionar no local.

Alguém foi, então, "podar" o chorão, moto-serra (????) em punho; decerto criatura que nada percebe da poda, pois em vez de o podar destroçou-o, decapitou-o, estraçalhou-o - e poderíamos continuar com os verbos, que há mais. Torna-se inútil por redundante.

Perante a minha queixa verbal à autoridade competente e mandadora do acto, e alguns tímidos "mas aquilo volta a rebentar..." depois, ficou mais ou menos no ar que mais valia, já agora, cortar totalmente o chorão, pois ao menos assim ninguém se aperceberia de que a forma como se podam as árvores, por cá, é no mínimo iconoclástica. Não deixei de concordar, pelo menos até certo ponto.

Meu dito meu feito, neste momento já só se vê o toco informe da base do lindo salgueiro. Infelizmente, não posso fotografá-lo.

Mais uma vez foi o "mal" cortado pela raiz.

Pois que o sacrifício da árvore sirva para salvar outras, como sói acontecer (por vezes).

Entretanto, é preciso dizer que o verdadeiro mal não foi cortado, nem pela raíz nem sequer pela rama.

Creio que se torna fácil adivinhar qual é, apesar das raízes bem espalhadas e distribuídas que possui, e mai-las diversas ramadas e vertentes, etc. etc.

Eu sou Diógenes, o cão...(II)

Carta hoje enviada por mim ao Senhor Presidente do Conselho Local de Educação, com conhecimento das individualidades referidas:

Exmo. Senhor Presidente do Conselho Local (Municipal) de Educação, e
Digmº Presidente da Câmara Municipal do Nordeste:


Antes de mais permito-me expressar a Vª Exa. a minha profunda consternação pelo sucedido, no dia 1 do corrente, a um autocarro escolar, em que uma derrocada proveniente de talude causou a queda do mesmo e consequente perda de duas vidas, que neste momento são choradas pela comunidade escolar e munícipes em geral.

No entanto, a preocupação com o que poderia vir a suceder a autocarros escolares (ou que exercem a função de transportar colectivamente crianças e jovens) no nosso concelho já é antiga; anteriormente aos actuais sucessos já fora manifestada, por mim própria e por outros, forte apreensão em relação à forma como é efectuado o transporte de crianças, neste caso alunos da Escola Básica e Secundária do Nordeste, pela empresa que o tem a seu cuidado.

Concretamente, refiro os seguintes e preocupantes aspectos, todos eles objecto de legislação em vigor:

a) A falta de cintos de segurança em determinadas viaturas e, quando existem, a não colocação dos ditos por parte dos alunos utentes;
b) A circulação dos referidos autocarros com alunos em número superior ao dos lugares sentados, viajando assim de pé ou sentando-se no corredor central das viaturas;
c) A não proibição, aos alunos mais jovens, da ocupação dos assentos frontais;
d) A não existência de vigilantes (a não ser, em certos casos, no acompanhamento de crianças do 1º ciclo) que, nos ditos autocarros, zelem pela segurança e apropriado comportamento dos transportados;
e) A circulação dos autocarros sem qualquer indicação (que deveria constar no vidro traseiro) de que estão a efectuar transporte de crianças.

Acrescento a postura por vezes indisciplinada e turbulenta de alguns alunos, que facilmente poderá conduzir à distracção do condutor, cuja atenção se requer obviamente concentrada na estrada e seus perigos.

São estes aspectos de domínio público pelo menos dentro da comunidade escolar, não os conhecendo eu por experiência pessoal (pois jamais utilizei nenhum autocarro de transporte de alunos), mas que me têm sido relatados quer por estudantes quer mesmo por alguns encarregados de educação. As diligências que eventualmente tenham sido até agora efectuadas no sentido de regularizar a situação têm-se manifestado, tanto quanto se observa, infrutíferas.

Salvo melhor opinião, a legislação respeitante pode encontrar-se na Lei n.º 13/2006, de 17 de Abril, nacional ( artº 2º, nº 3; artº 5º, nº 4; artº 8º, nº 1 e nº 2; artº 10º, nº 1 e nº 2; artº 11º, nº 1, nº 2 e nº 3), bem como no Decreto Legislativo Regional n.º 23/2006/A de 12 de Junho de 2006 (artº 4º, nº 1; artº 5º, nº 1 e nº 2, artº 6º, nº 1, nº 2, nº 3 e nº 4, artº 13º e artº 47º, nº 3) que se referem especificamente ao transporte colectivo de crianças, além da mais geral constituída pelo Código da Estrada (Decreto-Lei 114/2004, de 3 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei 44/2005, de 23 de Fevereiro, por exemplo nos artºs 54º e 55º). O próprio Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário faz referência a uma das leis anteriormente indicadas (Decreto Legislativo Regional nº 18/2007/A, de 19 de Julho, artº 130º, nº 2)

É certo que nem sempre estará nas nossas mãos prever ou evitar fenómenos naturais e as suas por vezes tão amargas consequências – mas fazer cumprir a lei - se, como parece, não estiver a ser cumprida - prevenindo assim a ocorrência de desastres não atribuíveis unicamente à cegueira da Natureza, pelo contrário, encontra-se dentro das nossas possibilidades.

Recorro, pois, a Vª Exa. para esse efeito.

Com os meus melhores cumprimentos, subscrevo-me com a máxima consideração.


Nordeste, 9 de Março de 2010


____________________________
Maria Antónia Teodósio de Fraga


C/c:

Senhor Presidente da Assembleia Municipal do Nordeste;
Senhor Presidente da Assembleia da Escola Básica e Secundária do Nordeste;
Senhor Presidente da Associação de Pais da Escola Básica e Secundária do Nordeste;
Senhora Presidente do Conselho Executivo da Escola Básica e Secundária do Nordeste.

domingo, 7 de março de 2010

Eu sou Diógenes, o cão...



Por acreditar que a virtude era mais bem revelada na acção e não na teoria, a sua vida consistiu duma campanha incansável para desmontar as instituições e valores sociais do que ele via como uma sociedade corrupta.

São inúmeras as histórias que se contavam sobre ele já na Antiguidade.

É famosa, por exemplo, a história de que ele saía em plena luz do dia com uma lanterna acesa, procurando por homens verdadeiros (ou seja, homens auto-suficientes e virtuosos).

Igualmente famosa é sua história com Alexandre, o Grande, que, ao encontrá-lo, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para a Alexandre, disse: "Não me tires o que não me podes dar!" Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: "Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes."

Será esta a próxima?



Só Deus o sabe, constatando nós que uma barragem foi considerada mais importante do que uma das maiores quedas de água à face da terra (Guaíra). Será Iguaçu a próxima a desaparecer?

Quem permite isto?

Segredo "bem" guardado...



25 years ago, in October 1982, the planet´s greatest waterfall was drowned, a victim of the filling of Itaipu Reservoir (Brazil/Paraguay). The so-called "Seven Falls of Guaíra", or "Sete Quedas", in reality a series of 18 waterfalls, were at 114 meters in height not the world´s tallest falls, but they were easily the most powerful in volume, with more than double the flow of Niagara Falls and 12 times the flow over Victoria Falls.

The Seven Falls were formed where the Paraná River, after crossing the red sandstone Mbaracayú Mountains, was forced through canyon walls and narrowed abruptly from a width of 1,250 feet to 200 feet.The Encyclopedia Britanica said "the water bubbles in a deafening crescendo which can be heard 20 miles away". Or, as another source of essential information put it, "at 1,750,000 cubic ft./sec., it would fill the Capital dome in Washington, D.C. in 3/5 of a second".

The drowning of the Falls was foretold by another tragedy. In January, 1982, only a few months before the falls were slated to disappear, a bridge over the Paraná River gorge collapsed, sending 80 people to their death. The cause - a flood of tourists wishing to say good-bye to the falls, and inadequate maintenance of the bridges, given their imminent demise.

The Guaíra Falls National Park was liquidated by decree of the Brazilian military government, as was its Paraguayan counterpart. The Brazilian government later dynamited the rock face of the submerged falls to eliminate obstacles to navigation, thus destroying any hope that they could be restored to life in the future.

José Costa Cavalcanti, director-general of the bi-national company building Itaipu had said "We´re not destroying Seven Falls. We´re just going to transfer it to Itaipu Dam, whose spillway will be a substitute for its beauty". And, with 647,000 visitors last year, Itaipu Dam is indeed a popular tourist attraction. But 1.08 million people visited the nearby Iguassu Falls despite the fact that for several months upstream dams reduced it to a trickle, meaning that at least for tourists, nature still outscores technology.

Do these "fluvial monuments" have a right to exist, to be admired and revered? Or are they doomed to be targets for the world´s dam builders, to be blasted away like the rocks of the Seven Falls for "progress"?

Carlos Drummond de Andrade, the aging Brazilian poet penned a requiem to the Seven Falls: "...seven ghosts murdered by the hand of man, owner of the planet...Seven falls passed us by, and we didn´t know, ah, we didn´t know how to love them, and all seven were killed, and all seven disappeared into thin air, seven ghosts, seven crimes of the living taking a life never again to be reborn".

E o comentário de um visitante:

My letter to Itaipu Binacional
Dear Ladies and Sirs, As a tourist visitor, I visited Your hydroenergetic plant some 2 weeks ago. I was told a nice story about ecology etc., without mentioning that the damm submerged the Guaíra Falls. I was told it by my fellow travellers on my return to the hotel. And I found the interesting story on this issue while at home in my homecountry. There is something called ethical conduct and ethical code. I perceive to be deeply manipulated by the presentation and the informative content given to foreign tourist at the spot. The story on the submerged waterfalls is rather known and repeated in popular guide books. I suppose that many of visitors treat the content repeated by Your employees as a sort of propaganda. I treat it as a eco-washing. Yours faithfully, Adam Fularz, Poland.

São Paulo



Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver caridade, sou como o bronze que soa
ou como o címbalo que tine.

Mesmo que eu tivesse o dom da profecia,
e conhecesse todos os mistérios e toda ciência;
mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de mover montanhas,
se não tiver a caridade, nada sou.

Ainda que distribuísse todos os meus bens pelos pobres,
e entregasse o meu corpo para ser queimado,
se não tiver amor, de nada aproveitaria.

A caridade é paciente, é bondosa.
Não tem inveja, não é orgulhosa (...)
não se irrita, não guarda rancor (...).
Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo sofre.
Por ora subsistem a fé, a esperança
e a caridade, essas três.
Mas a maior delas é a caridade.
Correi atrás dela até que a alcanceis.


Vídeo em que Robert de Niro, no filme "A Missão" de Roland Joffé, lê o trecho de S. Paulo:

http://www.youtube.com/watch?v=vLGSpo8S0q0