A verdadeira e honesta crítica, feita de boa fé, não se limita a apontar os erros - propõe soluções, e é o que passo a fazer, bem sabendo no entanto que as minhas palavras ecoarão sobre as águas mais ou menos como o sermão de Santo António aos peixes.
Em primeiro lugar, e tendo como objectivo fazer do professorado português um corpo de elite (xii! vão dizer que sou salazarista...pois alevá!) e mesmo sem chegar aos exageros das faculdades de medicina, não deveriam ser aceites nos cursos via ensino alunos com classificações tão baixas no ensino secundário. Deveriam, pois, as universidades levantar as respectivas fasquias de admissão, na certeza de que o que se perdesse em quantidade (e em propinas) seria ganho em qualidade. Proponho as médias mínimas de quinze valores, ou mesmo catorze! acompanhadas de sucesso numa bateria de testes psicológicos apropriados (medida que recomendo também às faculdades de medicina) dado que se hoje em dia qualquer um pode ser professor, mandaria o bom senso que alguns encaminhados fossem para outras carreiras.
Os curricula dos cursos via ensino deveriam incluir temas de cultura geral, bem como disciplinas onde se abordassem conteúdos de outras especialidades. Por exemplo, os curricula dos cursos de Línguas deveriam incluir temas, mesmo leves, das ciências ditas exactas (pois não é aberrante que um professor de Português ou de Inglês peça ao colega de Matemática ou de Física para calcular, por ele, a percentagem de negativas aplicadas por si próprio na turma X?) enquanto os curricula das exactas incluiriam forçosamente lições de bem falar e bem escrever (pois não é aberrante que um professor de Matemática diga, por exemplo, "vaia", ou "deia", em vez de vá e dê?) Todos os curricula deveriam incluir temas de civilidade e gestão de conflitos, boa postura à mesa e na vida, moralidade no sentido mais profundo (pois não é aberrante que um professor seja o primeiro a aconselhar aos seus alunos que vão ao Centro de Saúde pedir declarações de dor de dentes e ataque de caspa, apenas para fugir ao teste de Matemática do dia seguinte?)
Nenhuma disciplina de nenhum curriculum universitário poderia ser considerada feita apenas por frequências e testes, muito menos com média de dez arredondado, como sói acontecer. Toda e qualquer disciplina, dentro da sua natureza específica, só deveria ser conseguida mediante exames práticos e orais, além dos escritos, de modo ao examinador poder concluir sobre a profundidade (e clareza) dos conhecimentos do examinando.
Nenhum aluno finalista de uma licenciatura via ensino deveria, por fim, ser admitido a estágio sem ter obtido a classificação, até esse momento, de digamos os mesmos quinze ou, vá lá, catorze valores nas disciplinas integrantes dos seus cursos.
Nestas condições, em poucos anos teríamos um corpo docente bem diferente do actual; e em vinte anos uma população portuguesa também muito diferente, espelho dos seus mestres, como sempre o foi, é e viria a ser, forçosamente.
Disse viria - porque é condicional, e a condição para tão risonho futuro é só uma: que o queiramos.
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Estou plenamente de acordo! Mas creio que, infelizmente, já é um pouco tarde tarde, porque até agora não se aproveitaram pessoas com cultura, com sabedoria, com ideias, com princípios e com virtudes para dirigir, orientar e talvez mesmo supervisionar as estruturas educativas deste país! Bem hajas, à boa maneira dos teus e meus antepassados, por continuares a lutar, pela verdade, pela dignidade e pela excelência, mesmo que, por vezes e por muitos, não sejas compreendida.
ResponderEliminarObrigada, Carlos, pelo apoio!
ResponderEliminarTalvez tivesse sido uma boa ideia esses que referes se terem "metido na política"!
Quanto a mim, já é tarde também...apesar de eu ser aquela que diz e repete:
"Não me basta uma vida, quero duas ou três"
Apesar de se dizerem, cantarem e repetirem as bonitas palavras, o facto é que só nos é dada uma...e bem bom...