A minha aula de hoje, com os tais alunos de que já bastante falei (noutro local), correu excepcionalmente bem.
Não houve grande avanço científico, digamos, dado que apenas falámos nas moléculas de água e de amoníaco!
Veio a propósito o sr. Larry Ellison e a sua casinha de 200 milhões de dólares (Senhora! Ele para ir ao quarto de banho tem de ir de automóvel! o que até deve ser mais ou menos verdade e pôs toda a gente a rir, eu incluída! Para que é uma casa tão grande?) Mandei-os pesquisar sobre esse senhor, e espero que eles cheguem à conclusão a que eu própria cheguei: a quarta fortuna do mundo foi construída à custa de conhecimentos de informática, adquiridos num curso superior que nem sequer concluiu.
A seguir veio, a propósito de coisas muito grandes e extensas, a enorme fazenda Madal, onde trabalha o meu genro, e que é quase tão grande como duas ilhas de São Miguel! Oh senhora, isso pode lá ser!! Bem, então vamos aos números:
Área da Madal: 150000 hectares
Área de São Miguel: 78400 hectares
Contra factos, não houve argumentos! E já agora...para percebermos ainda melhor, quantos alqueires de terra tem a Madal? Aqui, houve divergências, alguns alunos não acreditando no valor que propus: 1393 metros quadrados por alqueire. Mandei-os perguntar, no exterior, a alguns trabalhadores da Câmara que tratavam de embelezar, enxada em punho, o jardim da escola. Eles devem saber!
Sabiam, efectivamente. Confirmaram os meus valores, o que me fez - pareceu-me - subir altamente na cotação dos meus alunos, como quem diz esta anda com os pés na terra...não vive só no mundo abstracto e ininteligível de electrões e números quânticos...
Continuámos a interessante conversa:
Um alqueire: 200 varas quadradas. A vara era um bordão com duas ponteiras de metal, bastante parecida decerto com a que os romeiros de S. Miguel ainda usam. Nos Açores pode medir doze palmos (ou seja, 2,64 metros) chamando-se vara grande, ou 2,20 m, que correspondem a dez palmos e é a vara pequena. Nos grupos central, ocidental e parte do concelho da Ribeira Grande na ilha de S. Miguel, usa-se a vara pequena, o que faz com que as duzentas varas quadradas (e o alqueire de vara pequena) correspondam a 968 metros quadrados. O alqueire de vara grande, em uso no resto da ilha de S. Miguel, já se disse: 1393 metros quadrados.
Os senhores da câmara disseram ainda outra coisa: que um moio são sessenta alqueires. Lembrei-me logo que meu avô "bigodes de foca" (o pai de minha mãe) muito se referia a um local a que chamava o mei'moio (meio moio, 30 alqueires pois!)
Mas voltando à fazenda Madal, assim, tem qualquer coisinha como um milhão de alqueires de terra...de vara grande! (Safa!! não me terei enganado nas contas??)
Chegando a casa, aprendi mais uma coisa: que na ilha de Santa Maria ainda se usa uma vara intermédia, sendo o alqueire mariense de 1232 metros quadrados.
Hoje não houve brincadeiras mais ou menos infantis, não houve distracção, não houve tolices nem ralhetes. Falei baixinho toda a aula e não tive tosse nem tonturas - o que muitas vezes me sucede nas aulas com aquela turma. Saí toda contente...e eles também.
Por que terá sido?
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Aula admirável, deslumbrante, atractiva e eficaz!
ResponderEliminarTeu avó, assim como meu pai, chamavam ao local “Mimoio” e não “Mei’moio” e a origem da palavra é provável que tenha sido a que referes. No entanto, pode ter sido outra. Dado que aquelas terras eram muito férteis, autênticos “mimos” agrícolas, a palavra pode-se ter formado de mimo+moio (mimoio), neste caso não produziam apenas “meio moio”, mas sim “mimo moio”, ou seja um bom moio.
Deves ter razão quanto à pronúncia. Quanto ao significado, pois fica em aberto então!
ResponderEliminarObrigada quanto aos elogios à aula. Sim, correu bem...
A de hoje, no 11º ano, também; estou a dar um pouco de acústica, na física; um aluno levou um clarinete, que desmontou, e explicou a todos os seu funcionamento; outro um trompete, e outro uma viola. No final, tocaram todos juntos! Aula prática!