sábado, 25 de abril de 2009

Vale a pena...


...ler "Como eu atravessei a África", deste senhor com tão bonitos bigodes: Alexandre de Serpa Pinto.

Escreve bem, à moda dos finais do séc XIX, linguagem da qual eu ainda apanhei uns importantes restos. Por vezes, mesmo, utiliza uma ironia suave, que muito me agrada...

Vai-se lendo e concluindo muitas coisas...uma delas é que nem tudo o que se passou é culpa do Salazar, instaladas certas situações já muito antes do nascimento deste. Claro está que podemos perguntar-nos porque terá, enquanto estadista, feito tão pouco, e mesmo quanto ao que fez porque o fez de forma tão serôdia, para as solucionar. Também é certo que estamos a raciocinar no "depois"...

Portugal usou a sua grande colónia (Angola) mais ou menos como eu uso o aterro sanitário de São Pedro, bonito nome ultimamente atribuído à lixeira municipal. Vago comércio (por vezes de escravos), vaga (ou mesmo nula) cristianização, despejo de indesejáveis (os degredados). Note-se que estes não eram "criminosos" meramente políticos, havendo entre eles ciganos, que apenas portariam a "culpa" de o ser, alguns perseguidos pela Inquisição (geralmente por acusações de prática de feitiçaria), e muitos (que terão constituído a maioria) de delito comum, que é como quem diz ladrões e assassinos.

Mas que ricos exemplos, e que dignos representantes da civilização ocidental.

Para quem se quiser ilustrar sobre os ditos degredados há, entre outras referências:

http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1060

Enfim...

2 comentários:

  1. Minha Prima,

    O mito de um Portugal uno do Minho a Timor foi uma grande balela que o Estado Novo nos contou a todos nós. Grave foi que muitos Portugueses acreditaram!
    Antes do último quartel do século XX a presença portuguesa nesse "Império" recebido dos "nossos Maiores" de quinhentos não passava, de facto, de uns quantos pontos ao longo das costas de África, do Estado da Índia Portuguesa, de Macau e de uma parte da ilha de Timor. Para lá, para representar Portugal, marchava o que de pior por cá havia... Realmente, Angola, com as fronteiras que tem hoje, foi portuguesa menos de cem anos!
    Fomos todos muito bem enganados!

    Continua com as tuas interessantes opiniões.
    Um abraço

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  2. Infelizmente o colonialismo português não se ficou apenas por transformar Angola num aterro sanitário de “resíduos” humanos, como dizes. Não satisfeito com isto, foi mais além e decidiu-se, mais tarde “reciclá-los” enviando-os para o Brasil, como mão-de-obra escrava nas minas de ouro e nos engenhos de açúcar e para as fazendas de cacau de S. Tomé e Príncipe.

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